"No hay banda!!!"
Há pouco resolvi fazer a lista dos meus 5 filmes preferidos. Vou comentar cada um e quando der na telha registro por aqui. O primeiro escolhido é este:
* Cidade dos Sonhos *
(Mulholland Drive, 2001, EUA/França)
Direção: David Lynch. Elenco: Naomi Watts, Laura Harring, Justin Theroux, Ann Miller, Mark Pellegrino, Dan Hedaya, Chad Everett, Lee Grant, James Karen, Robert Forster.
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Esse assisti há pouco tempo, e pelo que ouvia a respeito, já esperava um filme complexo, difícil de entender e para ser apreciado por poucos. E na verdade foi o que constatei. Só que foi o primeiro filme "complexo" (leia-se filme sem pé-nem-cabeça, a princípio, que precisa ser assistido várias vezes pra fazer sentido) que me instigou a buscar as respostas pra decifrar o enigma. Os outros eram cansativos até então e não despertavam a curiosidade. Mas este mudou minha forma de ver um filme. Se vale cotação, este filme merece 5 estrelas, nota 10, como preferir.
Mulholland Drive conta a história de Diane (Naomi Watts), uma aspirante a atriz que se hospeda na casa de sua tia Ruth, em Los Angeles, à espera do teste para um filme. No local, encontra Rita (Laura Harring), uma moça que sofreu um acidente automobilístico (em Mulholland Drive, a estrada que dá nome ao filme), perdeu a memória e se escondeu na casa da tia Ruth (que viajou para outra cidade). Diane simpatiza com a hóspede misteriosa e ambas partem numa jornada em busca da identidade da moça.
Esse é o ponto de partida para uma trama que envolve personagens (a princípio) deslocados na narrativa em situações beirando o bizarro: um assassino profissional atrapalhado, um diretor de cinema pressionado pela máfia a escolher uma atriz que não lhe agrada, um cowboy misterioso, detetives que seguem as personagens principais... todas essas figuras esquisitas desfilam na tela. A lista vai longe, mas cabe uma dica a quem se interessar por esse baita filme: nem tudo é o que parece ser (!) e nem todos são quem são (!!). Preste atenção em todos os cantos da tela e saiba que não é um filme para entender, mas para interpretar. Tudo que está lá, é por alguma razão. As conclusões só poderão ser tiradas assistindo outras vezes, percebendo detalhes surpreendentes que ajudam a preencher o quebra-cabeça e discutindo com outras pessoas a respeito.
Ao fim, fica a sensação de que algo passou bem embaixo do próprio nariz e o espectador não percebeu. Não vou explicar a minha moral da história (cada um deve tirar suas próprias conclusões, não há como dizer "o filme é isso e ponto"), quem sabe numa outra oportunidade, mas cada cena, cada detalhe na tela é passível de interpretação. A maioria das explicações pro filme busquei em teorias de outras pessoas que assistiram Mulholland Drive, algumas interpretei por conta própria (como a cena do teste de Diane para o filme). Ao assistir Mulholland Drive pela primeira vez, fica a sensação de que não é um filme comum. E é preciso voltar lá quantas vezes for preciso para encontrar as respostas.
Como já disse, é um filme para poucos, mas quem entrar na "viagem" de David Lynch, vai ficar impressionado. É de arrepiar o clima de tensão durante os 140 minutos de filme. Mesmo que a cabeça fique confusa, não tem como piscar no decorrer da história. Claro, tudo depende de quanto você estiver disposto a embarcar na trama e aceitar que nem tudo é o que parece ou não é como estamos acostumados a ver acordados. De quebra, Mulholland Drive oferece interpretações ambíguas e misteriosas (como o filme é) e uma trilha sonora arrepiante, que ajuda a prender a atenção.
A melhor dica pra começar a decifrar o enigma da Cidade dos Sonhos está em uma das últimas cenas do filme, em que Diane e Rita chegam ao Club Silencio, após uma noite tórrida entre as duas. No palco, um apresentador diabólico alerta a platéia: No hay banda, é tudo uma ilusão. Assista e descubra. Boa viagem!
Ou sería "bom sonho"?!?!

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